"(Dessas rosas muita rosa/ terá morrido em botão...)" - Manuel Bandeira
Nunca escrevi versos dignos
como o gesso mortificado nas paredes
as palavras morriam em minha boca
Nunca encontrei o néctar da vida
o fino liquido que percorre a experiência
o familiar e o simples da poesia
Meu itinerário, o guia de meus dias
singular, exatamente igual a vida de um rio
se perdeu no progresso das cidades
Jamais soube dançar os ritmos brancos
venho sendo o que nunca desejei aos outros
"nos ossos, nos olhos, nos ouvidos, no sangue, na carne"
Os labirintos, os caminhos
os livros, os marginalizados
tudo posto no vasilhame negro que é meu corpo,
individuo dividido, incompleto
Um dia quis ser poeta
me arrependi
profundamente