Digo que da luz
sai a lua
e da lua
sai seu
sorriso.
Que é como
o doce feito pelas avós,
cheios de açucares
e carinhos colando
em colheres de pau
Pela minha boca
saem agora,
as palavras
de quem ama
e deseja te dar flores,
mas se recusa
prendendo em algemas,
em furos no céu
e apertos nos olhos,
cantar uma serenata
(que seriam mais de escritas relidas
pois minha voz é dura e rouca
para o soneto e o canto dos pássaros),
E tendo tatuada toda essa
vergonha de quem
não faz da voz acorde ou aurora,
te mando uma carta.
Porque minha escrita
insiste em se despetalar.
Mandando as rosadas pétalas
(qual seu lábio inferior)
pelos quatro cantos
dos silvos e ventos
que rodam o mundo
como moinho
ou o brilho estranho do mar noturno.
E te envio, pela voz do correio,
porque não tenho duvida que te amo:
amoras em formas de letras,
afagos em formas de beijos,
e as estrelas do céu
como cada verso
fincados em tinta nanquim
na folha desse poema.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
Do ventre das putas
Escrevo um poema
sobre a morte e a América
sobre a ditadura das palavras
e a repressão da idade
(afinal nunca se julga quem
desconhece a idade dos vinte)
Faço um poema
porque não posso ser mãe
e meu ventre é de vento
como o voo das gaivotas
e a vida das putas
Faço um poema
e sei que uma casa abre a janela
para ver cair as estrelas do céu
e a missa proferida pelo sol.
Conto sobre a casa e o sol no meu poema
Faço, como bem se sabe,
de sexo e sêmen
as dores do meu poema
porque a dor inspira
e traz, tal ondas do mar
tudo que é amargo
e que seca o choro
Para o continente a história
ao meu poema o desejo
de ter tatuado na pele
a certeza de que o tempo traz a cegueira
como as mentiras vindas nas moedas
Moedas e medos
trazidos nos bicos dos seios,
escondidos nas folhas dos livros
na cara e cabelo dos filhos
Escrevo, afinal,
pois são de suor as lagrimas do mar
e de sonhos o suor que escorre
pela ternura roubada
entre as pernas
e o choro turvo
dos olhos pardos da América
sobre a morte e a América
sobre a ditadura das palavras
e a repressão da idade
(afinal nunca se julga quem
desconhece a idade dos vinte)
Faço um poema
porque não posso ser mãe
e meu ventre é de vento
como o voo das gaivotas
e a vida das putas
Faço um poema
e sei que uma casa abre a janela
para ver cair as estrelas do céu
e a missa proferida pelo sol.
Conto sobre a casa e o sol no meu poema
Faço, como bem se sabe,
de sexo e sêmen
as dores do meu poema
porque a dor inspira
e traz, tal ondas do mar
tudo que é amargo
e que seca o choro
Para o continente a história
ao meu poema o desejo
de ter tatuado na pele
a certeza de que o tempo traz a cegueira
como as mentiras vindas nas moedas
Moedas e medos
trazidos nos bicos dos seios,
escondidos nas folhas dos livros
na cara e cabelo dos filhos
Escrevo, afinal,
pois são de suor as lagrimas do mar
e de sonhos o suor que escorre
pela ternura roubada
entre as pernas
e o choro turvo
dos olhos pardos da América
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Dos efeitos da lua
1.
Quero do tempo
o céu azul
pincelado de auroras
desde os poemas e cedos
aos minguos recuados
da tarde caindo pelas mãos
Os tragos de sonhos
e lábios pintados
que carregam consigo
a paixão que cora
canta, cisma
e grada o céu dos apaixonados.
Sim. Quero tudo,
e essa é minha certeza
2.
Não tenho prantos
ou pratos de porcelana.
Só os desejos do mundo
atrás do medo
que tudo seja noturno,
como o fogo apagado
Que seque e cesse
a umidade brilhante da prata
no centro da tenda
sob a cor da terra
e o brilho dos olhos.
Quero do tempo
o céu azul
pincelado de auroras
desde os poemas e cedos
aos minguos recuados
da tarde caindo pelas mãos
Os tragos de sonhos
e lábios pintados
que carregam consigo
a paixão que cora
canta, cisma
e grada o céu dos apaixonados.
Sim. Quero tudo,
e essa é minha certeza
2.
Não tenho prantos
ou pratos de porcelana.
Só os desejos do mundo
atrás do medo
que tudo seja noturno,
como o fogo apagado
Que seque e cesse
a umidade brilhante da prata
no centro da tenda
sob a cor da terra
e o brilho dos olhos.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Poetagem
Essa linha não existe
enquanto correr o rio
enquanto a chuva umedecer
três lágrimas e
sabe quem um arrepio
Essa poesia é tormenta
é rasgo merda e face,
pouco, quase ou nada,
cada verso cada frase.
Essa poesia é a ultima do alfabeto
porque me cansei de abortos
a não quero novos fetos
enquanto correr o rio
enquanto a chuva umedecer
três lágrimas e
sabe quem um arrepio
Essa poesia é tormenta
é rasgo merda e face,
pouco, quase ou nada,
cada verso cada frase.
Essa poesia é a ultima do alfabeto
porque me cansei de abortos
a não quero novos fetos
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Coração
Coça de amor o coração
na sala de cinema
no café da manhã
e na casa.
Na cama
no quarto
e nas quadrilhas
Coça e coaxa
gritos de carnaval,
cada um e cada qual,
coça,
costura,
cachecol, cabeleira,
cafunés,
e confortos.
Cabides
e acácias na primavera
Coça e corre
como o passar dos meses
e os segundos dos séculos
os cartazes, cartas correios
crochês
cochichos
e fofocas
(escondidas em baixo de cobertas)
Coça e questiona
quando
o que
como
E quando se pensa
que chega ao máximo
toda essa cardiologia,
cresce e continua a coser.
toda essa cardiologia,
cresce e continua a coser.
Como fosse o coração
um tecido
a receber pontos
de estrelas cadentes
a receber pontos
de estrelas cadentes
sábado, 6 de outubro de 2012
Um tal Graciliano
O sertão é a quebra
o cárcere
e a seca.
É a pele rachada
pelas entranhas do sol
e os dedos doídos,
encravados ou disformes
é o nordeste nordestino intrinseco,
a morte disfarçada
no ciclo da incerteza.
O amor e o conhecimento
em bibliotecas empoeiradas,
que de tanto pó se escondem
na agonia de não existir
é a quina da terra
e a simplicidade dos ângulos
a glória esquecida entre
o mar e o amor
e é, e foi, e continua
Faz-se então na história
(que não se figura, porque de sangue
torturado pela força da escrita)
o habito de padecer do sofrimento
e o óbito de não ter infância.
Tal qual a linha disforme
ou a vida das moças,
das boiadas, dos retirantes,
dos que atiram e dos que sofrem-se do matar.
Como, e além, e acima de tudo:
a simplicidade e as lágrimas das lavadeiras
e Alagoas, que carecem de não-sonhar
coarando toda solidão posta pelo sol.
o cárcere
e a seca.
É a pele rachada
pelas entranhas do sol
e os dedos doídos,
encravados ou disformes
é o nordeste nordestino intrinseco,
a morte disfarçada
no ciclo da incerteza.
O amor e o conhecimento
em bibliotecas empoeiradas,
que de tanto pó se escondem
na agonia de não existir
é a quina da terra
e a simplicidade dos ângulos
a glória esquecida entre
o mar e o amor
e é, e foi, e continua
Faz-se então na história
(que não se figura, porque de sangue
torturado pela força da escrita)
o habito de padecer do sofrimento
e o óbito de não ter infância.
Tal qual a linha disforme
ou a vida das moças,
das boiadas, dos retirantes,
dos que atiram e dos que sofrem-se do matar.
Como, e além, e acima de tudo:
a simplicidade e as lágrimas das lavadeiras
e Alagoas, que carecem de não-sonhar
coarando toda solidão posta pelo sol.
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