sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Questão de conteúdo

E que se fosse
individuo serifado
nas liras antigas
das letras redondas
pelo luxo, apenas,
e não pelo que se necessita.

Que assim seja.

E faça do conteúdo
(o contexto que a contém)
questão de cansaço
escassez na vida
do que é menos
e do que mais, é vago.

Montando por arranjos,
conjuntos e
conjunções,
as ideias.
Que não sabem ser simples
muito menos belas,
mas ralas,
porém talhadas
como trabalho
feito por ferreiro
a forjar uma lâmina

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Acima do céu

Anabela não sabia
de meio em meio tom
como era
a vontade vistosa
de querer bem.

Anabela
era mais
que som
que si
luz e sol
música
flor, pétala e pipoca
caderno de desenho
rasura, giz de lousa.
Era mais e de sobra.
Ela, Anabela

Era doce de coco
com tez rosada e
cabelo cacheado
(solto em saltos
descalços nas esquinas).
E verde eram
os olhos
unhas e flores
no jardim de Anabela

E era livro
lombada
página
poema

Ah, Anabela.
Sussurrava suspiros
sinceros de sim
nas premissas do peito.
Nos calos
das tarde caladas.

Anabela.
Mas faltava
em ti
querer me bem

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sobre a cegueira

E de repente
parou seca
como stop
de semáforo
silvo marrom de resguarda
placa larga
em via pública.

sinal fechado
pra poesia

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Timidez

Quis de tudo
do seu modo
De todo seu
o mundo

Sem usar sequer palavras
Só quiçá
sussurros mudos

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sim

.
Ah Clarice
tentou dizer
o pouco dito
de pequenas premissas
em contos de coisas,
mas não disse.
Fez como se acaso
fosse contorno do avesso
e silêncio
silvo de fuga sem
fim, metade
      meio
      metonímia
ou começo.

Ah Clarice:
se somos
o que está sendo
--entrelinhas
de estrelas
ou laços mal feitos--.
Se o tempo
já é contra
as horas a que pertence
e a felicidade
mero devaneio trivial.

Resta apenas
(senão) esperar
pelo imprevisto:

A visão míope,
o mascar de chicletes,
as cores das rosas,
as cascas
de casas sem casais.
  Resta o resto
  tempo do pouco

Para que nem tudo
vire gema de ovo
e se esparrame
pelas cortinas
dessa vida
.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Minimamente

* a Helena Zelic - Autora de "Se mínimo" e do blog Tempos de Morangos

Hoje é dia de bem-me-quer
bem-me-quer,
saraus, rodas rabiscos e cirandinhas.
plagio poético
prosa roseada,
rosa proseada ou
Guimarães Rosa

Dia de lírios
buquês
         bocas
         bailados
         balaios
                 bailarinas
e miares de gato,

De ver letras
no sol
e estrelas no céu
De ler,
re-ler,
ler novamente,
até que a releitura
dessas alegrias
não seja suficiente
e sejam queridas outras tantas
por horas ademais.

Dia de pegar o livro novo
da poeta favorita.
E apreciar a língua
como quem
com filhos se delicia

E fingir ser poeta
para divagar com o pressagio
de ser tal a poeta que inspira

É, pois, tempo de sentir:
sentar em frente a janela
e apreciar os
versos de poetisa
que não faz a vida
em estrofes ou estorvos,
mas sim em poesia