*Aos torturados na ditadura militar brasileira (1964-1985)
Triste é ter na vida
uma dor sem elegância
por querer de todo
bem o mundo
Da senhora na janela,
do menino com mochila
do camponês cansado
e do herói
sem caráter
Triste é ter dor no peito
nó na garganta
imbróglio carrancudo e
sentimento de carrasco
Esta estrada sofrida
salgada
sozinha nazista medieval
de choque em genitália
e grito desgraçado
feito arara
Triste é (ainda) querer bem
e ver em passos
crianças
calçadas
aquela velha tatuagem
trincada do passado
mas é de tanto triste
querer mudar essa nossa
ditadura históri[c]a
sem ter um púlpito, um mero pingo
de memória
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