domingo, 3 de junho de 2012

Dores

Bandeirolas giram
sob a malemolência do
Capibaribe.
Uma estrela nova.
nova, de tal brilho moderna
lira, livre, libertina
surge
na manhã do Recife.

Mas não há saúde em demasia
no brilho de óculos engarrafados
nos olhos de boa miopia
nas mãos do poeta
nos dentes arquitetônicos
espaçados

Porque o coração
esqueceu o dom do amar
naquele espaço torácico
pneumônico
pneumo-torácico
        de andorinha
        batendo assas
        em cantarolar
   sozinha sozinha sozinha

São gotas de orvalho:
no átrio esquerdo
no bronquíolo direito
de completo a
triste dor umedecida
tobércula, no peito.

Mas quem sabe
 a dor de uma vida inteira
o amor que fitou Teresa
a carinho dado a preta Irene
O boi morto desesperado na enchente
a doença
o sonho presente.

             um dia há de ir embora
nas ondas
no ritmo dissoluto
em Pasárgada.
  na cinza das horas

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