terça-feira, 3 de julho de 2012

Engenharias


*a João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

Pergunto-me João Cabral até que ponto
se nega de tal legitimidade
poesia não ser mais que estudo
e talento de tão menor a falsidade

Até onde se constrói
o sim sendo não
e poeta menos mestre
já que verdadeiro artesão

Que palavra seja matéria
de possível inteira obra
fio folha e navalha
entrelinhas toantes
arames e emaranhadas

Eis que novo te pergunto:
pode-se lapidar o que
na pedra surge lapidado?
formar diamante do grafite
ainda que o carbono ralo?

Pois que espero a mim
de gume e ponta de faca
completo acreditar contigo.
Sendo poesia técnica (e demasiado treino)
sabe quem um dia
total aprendo o ofício

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