terça-feira, 18 de novembro de 2014

Despedida

Mas então meu pai
do quarto do lado
calado na alma e no gesto
como um deserto
largava suas lágrimas
pelo carinho negro
da face
E abandonado em sua cama simples
dizia
a tradição e a benção que me doava.
Chorava o muro
a coluna
a água do meu rim

E eu não olhava para trás
e a mala já parecia de chumbo
e meu corpo pesava como ferro
e a perna
cumprida se reduzia
e o som da sanfona era o da lembrança
do vivido passado no espelho
O pai dizendo
enquanto sentia arrancarem uma costela
Vai, meu filho
Vai

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