Na beira mar vi a lua.
E aquele corpo brilhava
como se todo desejo
e os prazeres do carnaval
em ti estivessem bordados.
Vi a lua e percebi
que o mar ama a praia
tal os pais aos filhos.
Porque ela estava alaranjada
e seu brilho era de mel
ou –se não me falha a memória–
de doce de caramelo
E naquela noite jovem,
que tinha os olhos
escuros de jabuticaba
e o cabelo desgrenhado na crista das ondas,
senti que o céu me abraçava as costas
e em minhas mãos se entrelaçavam as estrelas.
Como se todos os tempos fossem de sonho
e pelo lábio inferior
corressem beijos macios de plumas
ou travesseiros de algodão.
Em meu peito
gritava calmo o amor
entre o céu e o mar,
tudo meio malemolente
cheio de perdas e ganhos
a lembrar um conto de Cortázar que aprisiona
pelos sussurros expressados nas palavras.
Não sei o que se foi,
nem mesmo pretendo.
Porque hoje acordei
e na borra do meu café
existia um sinal de ternura
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