"Eita negro!
– Quem foi que disse
que a gente não é gente?" Solano Trindade
e de todos os tempos
pretos e brancos
– pele e
somente pele,
carne superficial
sob o corpo plácido –
Não é de porcelana
nem de prata
nem pau
nem de pluma
ou de pedra,
a minha pele.
A pele é meu canto
a tecitura que roça o corpo
o noturno da noite de lama
os tambores palpitando
pela dança dos pés batidos
É esta a pele que sangra o grito:
nas algemas dos navios
dos cavalos, das carroças
dos carros de policia.
A pele que calada
se curva
as balas periféricas
enxertadas no peito,
pontos de sangue
no tapume feito de negros.
Também é minha pele
a capa que cobre a carne
o cobertor sob o corpo
o manto tremulo tapando tudo.
E por ser pele, como toda outra qualquer,
a carne que me envolve,
de nada deveria valer sua cor,
seu cheiro ou o tato a que toca.
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