quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Grandeza

A palavra falada
é a grandeza mais forte
atinge a dimensão
que tem as pequenas coisas:
o pelo dos braços
a dor dos sapatos
a ternura dos lábios

Meu avô sempre contou
sobre as asperezas do barro
hoje vejo que o barro
é mera palavra
constrói quando tratado com respeito
mas
se
mal usado
rasga a pele
apodrece os olhos
enrijece os dedos até
que sumam as caricias que os dedos têm

Somente a palavra é infinita
porque é representação.
Não há felicidade absoluta
o universo é menor que uma aldeia
a dor, o silêncio, o amargo do sangue
angústia
amor eterno amor
tudo é ideia
teatro
palavra:
três silabas guardadas
entre os lábios
a língua nos dentes
e os dentes nos lábios

Hoje sou poeta
Todos somos,
estamos vivos!
não porque escrevo versos
mas porque tento sentir
as delicadezas do ínfimo
o meu silêncio necessário
as palavras esquecidas no céu.
E é quando vejo uma delas
que busco seu abraço
na esperança de encontrar
um sentido desnecessário

Um comentário:

  1. Encantadora sua poesia metalinguística. Me lembrou um curta que vi essa semana chamado "A língua das coisas"... inclusive, recomendo fortemente ^^ Até mais.

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