A palavra falada
é a grandeza mais forte
atinge a dimensão
que tem as pequenas coisas:
o pelo dos braços
a dor dos sapatos
a ternura dos lábios
Meu avô sempre contou
sobre as asperezas do barro
hoje vejo que o barro
é mera palavra
constrói quando tratado com respeito
mas
se
mal usado
rasga a pele
apodrece os olhos
enrijece os dedos até
que sumam as caricias que os dedos têm
Somente a palavra é infinita
porque é representação.
Não há felicidade absoluta
o universo é menor que uma aldeia
a dor, o silêncio, o amargo do sangue
angústia
amor eterno amor
tudo é ideia
teatro
palavra:
três silabas guardadas
entre os lábios
a língua nos dentes
e os dentes nos lábios
Hoje sou poeta
–Todos somos,
estamos vivos!–
não porque escrevo versos
mas porque tento sentir
as delicadezas do ínfimo
o meu silêncio necessário
as palavras esquecidas no céu.
E é quando vejo uma delas
que busco seu abraço
na esperança de encontrar
um sentido desnecessário
Encantadora sua poesia metalinguística. Me lembrou um curta que vi essa semana chamado "A língua das coisas"... inclusive, recomendo fortemente ^^ Até mais.
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