sábado, 6 de outubro de 2012

Um tal Graciliano

O sertão é a quebra
o cárcere
e a seca.
É a pele rachada
pelas entranhas do sol
e os dedos doídos,
encravados ou disformes

é o nordeste nordestino intrinseco,
a morte disfarçada
no ciclo da incerteza.
O amor e o conhecimento
em bibliotecas empoeiradas,
que de tanto pó se escondem
na agonia de não existir

é a quina da terra
e a simplicidade dos ângulos
a glória esquecida entre
o mar e o amor
e é, e foi, e continua

Faz-se então na história
(que não se figura, porque de sangue
torturado pela força da escrita)
o habito de padecer do sofrimento
e o óbito de não ter infância.
Tal qual a linha disforme
ou a vida das moças,
das boiadas, dos retirantes,
dos que atiram e dos que sofrem-se do matar.

Como, e além, e acima de tudo:
a simplicidade e as lágrimas das lavadeiras
e Alagoas, que carecem de não-sonhar
coarando toda solidão posta pelo sol.

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