domingo, 27 de janeiro de 2013

Do tamanho dos sonhos


Ser grande é ir além
depois da miopia
das ampulhetas europeias
e das noites árabes.
É ouvir o cantar da cidades
ou os diálogos calados do universo
(que se escondem
em tristes olhares de casais infelizes)

Ser grande é passar o espelho e seu reflexo
para ir a outra face: escura, úmida,
solitária, como tardes frias de outono.
É ser fantástico,
cego pela magia ofuscante da lua
(que é como a ternura oriental,
tênue entre os limites do amor
e a luxuria de pétalas delicadas)

Para se ter grandeza é preciso
deixar o que se deve e
suprimir em mãos, punhos,
lutas diárias o infinito
-o outro, que é além e alheio.

Busca-se a grandeza
como se caminha no deserto
e folheia-se livros.
como se sentado atrás das telas de cinema
por duelos indubitáveis
contra inimigos íntimos.

Busca-se a grandeza
[enquanto o mar busca a terra]
até que impossível seja a rotina.

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