Farei um poema
para que voe aos ventos
e encontre a boca que tanto procurei;
a boca que é desenhada a tinta nanquim
e macia de campos de algodão,
a pele de Afrodite
Para que a descubra a boca
o poema
e tenha as palavras
como dedos tocando os lábios
como dedos passando pela face
como dedos
deslizando ao corpo, ao seios,
ao sons do sexo
Nesse poema escolherei termos exatos
tal os árabes seus ornamentos
os africanos seus deuses
e os latinos sua ternura.
Para que seja agridoce
e tenha as cores do mundo
junto da sutileza das maçãs
do ônus das lutas
dos sentimentos pueris
cultivados nas montanhas do Oriente.
Para que seja eterno, não efêmero
qual sonhos, almas amadas
e tardes de domingo
Com plumas de flamingo
escreverei o poema
e o assoprarei a eternidade, a velhice
as retretes e alagoas do tempo.
Na esperança de que
encontre-se ao tato
da boca que ainda não encontrei.
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