quinta-feira, 7 de março de 2013

Ouro negro

Da pele escura. Negra
desabrocha uma flor.
Transpiram luas cheias
sons de atabaques
e outros tons pretos,
negros, pardos e quase pretos.
Regozijam do risco na terra
do sangue, do sonho das avós
que escorreu pela pele
(aquela antiga pele preta,
relembrada nas vestes
da bossa dos sambas
e dos soares bandolins).

Da pele e dos pelos
crespos, cravados na serras
correntes.
Falam as vozes da folia
dos cantos de São Salvador
das passadas
nos paralelepípedos de terreiros.

Do dia, do todo dia
da flor que desabrocha preta
e em peso,
prendendo-se numa esperança
de que todos os tamanhos
se pintem e sambem
de negro.
(como se pinta a manhã
aos passos ritmados
das morenas que dançam
como a lua se pinta no céu
e o céu se pinta no sol).

Floresce uma pétala
que é igual
-finalmente igual-
a pétala loura
do louro jardim
em pétalas de ouro negro






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