se do barro, do espirito ou da carne
(o que me parece mais palpável
e por ser assim, real).
Não sei sobre meus gostos mais internos
minhas percepções sobre as coisas:
a ternura caída das estrelas
quando as olho pelas lentes do óculos,
ou simplesmente a fervura explodida nos poros
a cada nascer de lua.
Por ser real tudo me aflige com força.
Da mesma forma que aflige ao analfabeto as letras
e ao cego a ausência da cor.
Conheço as letras e não sou cego,
embora as vezes me sinta.
Minha alma é movimento virtuoso, cíclico
e sentada em confortável poltrona
afunda-se pelo corpo, ao mesmo tempo
que se dissolve no sangue
com sua fria e meticulosa sensibilidade.
As vezes esqueço meu nome
os encargos que me foram atribuídos
meu endereço, minhas tristezas
e os dias que amei.
Esqueço também da enciclopédica sabedoria sobre a necessidade da morte.
E tenho ainda mais dúvidas.
Porque não lembro como era o cabelo de minha mãe
e nem mesmo a pele nobre de meu irmão.
O que representa a serpente que engole o próprio rabo?
qual a funcionalidade da leitura?
Existirá um contrato entre a lua e o mar?
Existirá um contrato entre a lua e o mar?
(– Mas então alguém diga algo que dê sentido
poucas palavras que absorvam esse vazio.
Digam. Digam:
Para que tantos livros enfileirados se nunca os lerei?)
Para que tantos livros enfileirados se nunca os lerei?)
Alguns dias tenho pesadelos em latim
outros premonições em línguas estrangeiras.
Talvez eu ame o futuro
com o mesmo ódio que tenho pelos dias frios.
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