segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Fala de Exú

Sou o caminho que se transpõe
o presente, o ontem e o futuro.
Sou o mensageiro do mestre
porque com ele aprendi os dezesseis
números e a totalidade do silêncio.

Sou o mensageiro porque minha voz é conhecimento
e minha paciência perfeição.
Sou o que tudo devora
por conta da fome voraz.

Em minhas mãos tenho as encruzilhadas
as portas das casas.
Sou aquele que nasceu depois
mas merece o respeito de um ancião.

Ouvi do mundo todas as histórias
os sofrimentos da cólera
a solidão aventurada das estrelas
os rios que choram uma hora perdida no tempo.
Ouvi os pássaros, as cataratas, os deuses e as pessoas.

E por conhecer as façanhas da eternidade
juntei os infinitos mistérios:
os caminhos gloriosos dos peixes
os infortúnios da morte e dos homens imbecis.
Nas trezentas e uma histórias do universo
que desvendam, como uma chave, os mitos.

E sou aquele que tem vários nomes
que recebe as primeiras oferendas
e conecta elos distintos.
Fui eu quem presenciou de perto a montagem do ser.

Tudo o que acontece agora já aconteceu antes
por isso minha memória é a essência
o remédio sagrado
os códigos que declaram a verdade.

Sou quem mantém a plenitude, o movimento
o sexo e a mudança.
Pois sou também a oralidade dos povos e a fecundação da vida

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