domingo, 2 de setembro de 2012

Sinal de eternidade

*a Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Drummond
é de ti
ou do mundo
a sensibilidade clara dos cabelos brancos
e a calma dos óculos?

As pedras
    rosas
    semáforos
    jóias, Josés
    e Jotas (que nem deviam aparecer por aqui)
São de ti
do corpo
ou do mundo?

É a poesia uma etiqueta
colada na camisa do poeta,
na semântica das palavras?
-palavra de origem indefinida
não se sabe se dos longes de Itabira
ou de dádiva divina-.

É a vida, mira certeira
na rima metafísica
de servidor público
que, sentado em poltrona
boceja como padecendo
no brejo das almas?

Não sabemos Drummond
nem sequer os porquês
das perguntas sobre poesia,
nem mesmo o que ela pode
ou então
o que será:
se versos de relógios
ou lições de casa,
se um fazendeiro
um lutador
ou um aprendiz a contar
seus amores antigos

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