domingo, 8 de setembro de 2013

Cantos ancestrais

"O tempo são os fios
da renda tecida
pelos nossos antigos"
Cada tempo tem seu próprio silêncio.
figuras mágicas que se tecem
na voz dos que já viveram
no leite derramado pelo peito
no sangue que lava o barro.

Porque falecer e sentir a morte
em muitos casos
significa ainda estar vivo
para a terra que jogam
sobre o corpo
para o céu que jogam
sobre o olho
para o salgado mar
que jogam sobre a voz

E assim como um rio
jamais é o mesmo rio
se visto por outro ângulo.
Uma flor não consegue ser
a mesma flor
a cada primavera que vive.
e o vento nunca é vento
Também não posso ser o mesmo
a cada silencio
que me toca
Pois morro desde o momento
que nasci.
E morrer é conhecer os barulhos
dos que contam novas histórias
envelhecidas

Sou agora aquele que olha para trás
a procura de uma memória
perdida na escama dos peixes
nos galpões do mar.
Mas que sente apenas
o vento úmido roçar a nuca
e as correntes estalarem
secas
suas faíscas de grito e a força

O silencio que me existe
não é ausência material
pois canta a história
a dor pesada no ombro
as lágrimas de cobre que rasgaram
a face bronze,
do passado

Esse silêncio
não é o mesmo de anos atrás
(como nunca pode ser)
não é estático
pois se move como peixe
como faca, como capoeira.
Não é mudo
pois fala uma língua escura
da cor da nobreza humana.
Não é fraco
pois sangrou durante séculos

O silêncio que procuro
olha o passado para
cantar o futuro

E clama com sua dança
de silencio agudo
a ausencia de som a qual busco

Meu seilêncio ainda não pode sorrir
porque chora
mas começa a empinar sua pipa
num berro de felicidade eterno

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