quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Os olhos

a Luisa Caron

Aqui, os olhos encantados
se diluem no tempo
que passa solitário
pelo relógio
noturno

Não existe lua.
As poucas estrelas
que costumo contar
sumiram.
Não há o que que seja turvo
em minha fisionomia.
Sozinho sonho com o destino
porque o destino é o sonho
que ainda não pude enxergar.
Uma flor aberta
no meio do oceano
da memória.
Eu, perdido no interior
de cada um, do mesmo que sou
a cada dia surgido
atrás da pele.

Nas esquinas da mente
só me restam as imagens
dos livros que li:
Árvores enormes escondidas,
crianças que correm pela rua
rios longos e infinitos
bois, mulheres
noites e choros de cidades que não visitei.

Todas as famílias
Todas as histórias
tem sua literatura.
E nelas os olhos dissolvem.
com abertura de água
o mito de suas insonias.

Essa noite, sozinho,
no turvo impacto
da imortalidade humana
acredito
que a eternidade
tem um novo sentido
a cada página.

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