De que servem todos os prêmios?
O anel de ouro com o nome grafado
a roupa que usou na festa de casamento?
De que vale os méritos que tem o nome
se dentro do infinito
que existe em ti
é um elefante apavorado.
De que valem as mortes e as felicidades
que fingiu passar?
Se ao olhar de seus próprios olhos
consegue ver que eles não existem.
E que seu sangue é marginal
crespo e ralo
claro
como as tristezas familiares.
O cheiro de carne crua
é o que sai de sua pele.
A espera pelo que não vem
é sua maior conquista
De que vale então as tardes com amigos
as frutas que colheu das árvores
as ruas que desceu e as pombas que
diariamente
tentou afastar com seus braços largos?
Seus poemas, sua miopia
suas reflexões frente o espelho
as novas palavras que tenta aprender
os livros, as roupas, as flores
a noite, a lua, os pássaros
De que valem?
Seu sonho é uma galáxia
suja pelo leite que derramou
ao abrir as lembranças
do tempo vivido
em frente sua própria imagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário